
Eu sempre achei meio idiota escrever sobre (e para) alguém que nunca vai ler, mas, sabe como é, sou adepta das palavras para tudo, em momentos bons ou ruins. Às vezes o sentimento precisa sair de alguma forma e sempre vejo nas palavras essa saída. Eu sei que você não vai ler, mas com certeza vai receber, em algum lugar, o sentimento que estou colocando nesse texto.
Sempre fomos muito grudados, não é mesmo? Quando criança, a minha alegria era sair da escolinha, passar na KiDoce, comprar o meu sagrado Kinder Ovo e ir na em sua casa comer Danoninho de aviãozinho. Nunca vou me esquecer do dia em que arrebentei a boca no balanço e você, cheio de graça, me disse que, naquele dia, o “aeroporto estava quebrado”. Nunca vou me esquecer do pequeno Buda que me dava 0,25 todos os dias, desde que eu esfregasse sua barriga; e também sempre lembrarei das miniestátuas que colecionávamos juntos. Lembrarei, ainda, de quando eu comemorava cada centímetro que crescia para ficar “mais perto da altura do bolso” e da minha surpresa quando o passei. Passei tanto que poderia apoiar minha cabeça acima da sua. “Puxou pra sua mãe, hein!”, dizia.
Também nunca vou me esquecer de todos os aniversários em que me acordou, às 7 da manhã, com um bolo enorme e um abraço tão apertado que, um dia, precisei pedir para que fosse menos forte. Hoje vou sentir falta desses abraços doloridos. Vou lembrar da parreira de uva, de quando quebrei a taça de cristal e o máximo que recebi em reprovação foi uma cara feia. Vou lembrar da bicicletinha, das rugas, das flores, dos livros e dos discos que, curiosa como sempre fui, fuçava mesmo sem permissão.
Eu nunca vou esquecer do avô maravilhoso. Das vezes em que compartilhou lembranças dolorosas comigo e quando pude segurar sua mão em momentos difíceis. Nunca vou esquecer do meu “veinho”. Ainda é estranho, mas só consigo desejar que seu caminho seja tranquilo, como sua partida também foi. Vou sempre me lembrar de você sorrindo. Como sempre vi.
Michele, sei muito bem como é doloroso esse momento, perdi meus dois avôs e meu pai. Então te desejo mais que tudo, força pra manter a cabeça erguida hoje e sempre, e claro, tentar se apega aos bons momentos, como vi que você já está fazendo. Fique bem! ♥
ResponderExcluirAi Mih, tô mandando muito amor e energia positiva pra te ajudar a passar por essa fase. <3
ResponderExcluirAi guria, muita força, viu? Me arrepiei com seu texto. Meu avô tá com uma demência bem parecida com Alzheimer e todo minuto longe de Porto Alegre fico tensa, pensando que podia estar aproveitando com ele :( Fica bem!
ResponderExcluirQue carta linda, tenho certeza que todo amor não só de vc, mas de todos que leram chegara a ele em forma de amor e paz, tenha certeza que um dia vcs estarão juntos novamente.
ResponderExcluirBjs