Ele riu diante das minhas negações incisivas e repetiu: "você gosta do drama e você precisa dele para criar". Em 2015, ou 2016, talvez em 2017, Felipe me traduzia antes mesmo da Taylor Swift escrever que jurava que não amava o drama, o drama é quem amava ela.
Anos (?) mais tarde, a constatação:
Não é que ele tinha razão?
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Ilustração: Olimpia Zagnoli |
Um virou carta. Outro virou manifesto. Outro virou relato. Outro virou reflexão.
Eu precisava da dor pra ter vontade de escrever e eu precisava escrever. Consequentemente, ia entrando em histórias conturbadas, assumindo papéis que não me cabiam e, assim, escrevendo. Relatando. Desabafando. Alugando vocês, leitores e leitoras, com histórias que eu já sabia do desfecho antes mesmo de começa-las. Vocês leram minhas lamúrias. Vocês leram minhas lágrimas. Vocês leram esses amores que eu já sabia que passariam longe de serem eternos.
Vocês estiveram aqui e, por isso, preciso contar para vocês que eu cansei.
Cansei. Não de escrever - isso nunca. Mas cansei de me entregar em relacionamentos que não eram relacionamentos. Cansei de fazer parte de situações que não precisavam da minha participação. Cansei de ser uma boa companhia para quem não a merecia. Cansei de sofrer. Sim, cansei de todos os sofrimentos citados ali em cima. Cansei, chega, deu.
Porque, depois que assumi meu cansaço e o abracei, veio a leveza. E apesar da minha leveza ter nome e sobrenome, aqui continuará sendo só leveza, porque foi isso que senti desde o início. Desde a a apresentação formal, desde a primeira troca de risos, desde o primeiro sorvete ruim do McDonalds compartilhado, desde a primeira vez em que dividimos a cama sem edredom. Ele me trouxe uma leveza absurda, algo com o qual eu não estava acostumada. Não teve insegurança causada propositalmente. Não teve jogo. Não teve teatro. Não teve sofrimento.
Não, nenhum deles.
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Ilustração: Olimpia Zagnoli |
Eu não estava acostumada com a leveza (no caso, a leveza como substantivo simples), mas diferentemente das vezes em que cruzei com pessoas leves, eu não quis fugir e sair correndo. Porque além de leveza, ali tinha conexão, afinidade. Talvez até amor, mesmo antes de ser, se me permitem o clichê. A leveza (aqui, como substantivo próprio) não me fez sofrer. Pelo contrário: a leveza me fez conhecer um novo cenário. Um cenário mais bonito e muito mais inspirador. Quem diria!
Se antes um me fazia querer escutar uma música para abafar o choro, agora eu preciso de uma música alta para ser cantada a plenos pulmões porque a felicidade é brega, mesmo. Se antes o estômago doía de agonia, hoje dói porque exagerei no lanche que foi preparado na churrasqueira da varanda. Se antes algo incomodava, hoje conforta. E como é bom se sentir confortável com uma situação; com um alguém.
Se eu estava feliz e com vontade de contar ao mundo, por que, então, a felicidade seria menos inspiradora que o drama? Da onde foi que nós tiramos que precisamos sofrer para criar? Que precisamos sempre da dor para ter arte?
Já fazia tempo que o drama tinha parado de me inspirar e precisei de histórias de outras pessoas para escrever, vocês viram. Por sorte, a leveza apareceu e, com ela, a minha inspiração. A minha vontade. Do mundo, de criar, de viver, de escrever, de amar. Assim, do nada, depois do meu expediente e em um boteco perto do trabalho.
Vou te falar que esses últimos tempos me fizeram constatar que sofrimento até rende músicas boas, mas a leveza, o substantivo simples, rende uma vida bem mais bonita.
E veja só,
Sem drama.
Quem diria!
Felicidades ! A vida sempre encontra uma maneira de nos surpreender.... :)
ResponderExcluirEvani
Quando a vida fica mais leve, aaaa... como ela é bonita!
ResponderExcluirBeijo enorme
Quase Aurora
Que possamos viver uma vida mais leve.
ResponderExcluirBom final de semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Me identifiquei tanto! Não com a parte de você que abraçou a leveza, infelizmente. Bateu forte quando li "todos viraram texto", porque é totalmente assim pra mim, ainda. Mas vou levar esse texto pra vida, com uma pontinha de esperança de encontrar a leveza no que se refere às coisas do coração. Porque eu consigo ser leve em muitas coisas, mas essa parte ainda fica devendo. Enfim, falei demais haha
ResponderExcluirBeijos <3
taryne.com.br