Carta para você (não) ler

Por um tempo, eu perguntava o porquê. Por que as coisas aconteciam daquele jeito? Por que você mudava tanto? Por que tratava as pessoas que amava daquela forma? Depois, eu não quis mais saber e me afastei como pude. Por um tempo, a minha presença ainda era necessária (sabe deus por quem), mas a minha atenção já era outra. Me fazia presente porque tinha que fazer, mas tudo o que eu mais queria era estar longe. E então, depois de anos me sentindo sem voz, eu gritei. Com um pretexto bobo, encontrei a força para dizer tudo o que sempre quis. E disse. Disse alto. Em meio a lágrimas. Com réplicas agressivas. Mas disse. Sai com um piano a menos nas minhas costas e com a tranquilidade de quem nunca mais precisaria voltar. crédito: yelena bryksenkova Mas veio a culpa. A culpa por me libertar. A culpa por desistir. Da gente. De você. De ter algo parecido com o que eu via em filmes e que secretamente eu sonhava com mais força do que sabia ter. E então, eu tentei te consertar.